sábado, 22 de setembro de 2007

Radioatividade


Radioatividade é um processo exclusivamente nuclear de certo elemento a fim de modificar o núcleo e até mesmos gerar novos átomos. Existem três tipos de radiação cuja função é modificar o núcleo: a radiação alfa, a radiação beta e a radiação gama.

A menos penetrante de todas é a radiação alfa, com 5% da velocidade da luz, é a menos nociva das anteriores, também conhecida como núcleo do hélio por sua estrutura e apresenta carga positiva.

A radiação beta é a radiação moderadamente nociva, por ser um elétron resultante da desintegração de um nêutron, apresenta entre 40% a 90% da velocidade da luz e apresenta carga negativa.

A radiação gama não apresenta carga e massa muito pequena, podendo ser desprezada, porem possui um altíssimo poder de penetração, o que faz a radiação gama ser a mais nociva de todas, ela não é uma partícula e sim uma onda eletromagnética com velocidade igual a da luz.

Lixo nuclear

“Conjunto de residuos radioativos provenientes da fusão nuclar. Devem ser isolados em locais desabitados até que cesse o efeito da radiação. ”



No interior dos reatores ocorre a fissão dos átomos (ruptura do núcleo), liberando grande quantidade de energia e muitos elementos radioativos. Esses resíduos são o chamado lixo atômico. Alguns fragmentos desse lixo deixam de emitir radiação em pouco tempo (minutos ou dias), entretanto, existem outros que levam centenas ou até milhares de anos.

O tratamento dado aos rejeitos radioativos


Um dos principais argumentos utilizados pelos defensores das usinas nucleares é o seu baixo nível de poluição do ambiente. Segundo eles, a usina nuclear seria capaz de produzir energia elétrica "limpa". Porém, os que defendem o meio ambiente tem outra opinião sobre o assunto, o Greenpeace, por exemplo, acredita que os testes já realizados envolvendo o destino do lixo nuclear são insatisfatórios e que testes confiáveis demorariam muito tempo.

Os rejeitos produzidos em Angra 1 e 2 podem ser classificados em três níveis de radioatividade: alta, média e baixa. No Brasil ainda não há um lugar definitivo para o lixo nuclear, ficando em depósitos intermediários.

O destino dos rejeitos de baixa e média radioatividade são dois galpões de concreto construídos dentro de rochas, ao lado da usina. Nestes galpões ficam armazenados tambores que, ou contém botas, macacões e outras roupas contaminadas. utilizadas por trabalhadores(rejeitos de baixa radioatividade) ou peças de metal do reator e resíduos químicos (rejeitos de média radioatividade). Estes rejeitos devem ficar armazenados por no máximo três anos e podem até ser reutilizados.

O rejeito de alta radioatividade é formado pelo elemento combustível já irradiado dentro do reator. Estes rejeitos tem uma vida alta, podendo chegar a dezenas de milhares de anos, o que torna a questão sobre o destino a ser dado a ele muito mais importante. Entretanto esse material também pode ser reutilizado. Normalmente, ele é retirado do reator com apenas 15% de sua capacidade utilizada. O local de estocagem dos rejeitos de alta radioatividade de Angra são as suas piscinas. Para a usina de Angra 2 foi construída uma piscina dentro do reator (diferente da de Angra 1, que fica fora) com capacidade para armazenar os rejeitos produzidos por metade de sua vida útil, 20 anos. A piscina de Angra 1 pode armazenar os resíduos de seus 40 anos de atividade previstos. Ambas mantêm os resíduos submersos a mais de dez metros de profundidade, utilizando a água como blindagem.

Os ambientalistas questionam as soluções propostas pelas centrais nucleares. Segundo eles, poderia haver contaminações do ar causadas por explosões ou vazamento contínuo de gases, ou contaminações da água, causadas por vazamento do invólucro que armazena o rejeito e que poderia atingir um lençol freático.

Acidentes nucleares

Chernobyl

Chernobyl é considerado o pior acidente nuclar da história.. Dispositivos específicos de segurança foram desligados, para o estudo de um perfil de acidente. Os operadores não souberam identificar o tempo próprio de intervenção no sistema e, após uma seqüência de erros, perderam o controle do reator. Cabe ressaltar que a unidade do complexo nuclear de Chernobyl, responsável pelo acidente, era um reator de tecnologia totalmente ultrapassada, que já não deveria estar funcionando naquela época.

Com o acidente de Chernobyl,grandes áreas da Ucrânia, Bielorrúsia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas. O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto.

Os países atingidos sofrem até hoje as consequências da radioatividade. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da ONU de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e 9 crianças com câncer de tireóide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas ao acidente. O Greenpeace entre outros, contesta as conclusões do estudo.

Three Mile Island (EUA): Derretimento parcial do reator - Considerado o segundo pior acidente nuclear da história.

Acidente do Césio-137

Foi um acidente radioativo ocorrido no dia 13 de setembro de 1987, em Goiânia, Goiás. No desastre foram contaminadas centenas de pessoas acidentalmente através de radiações emitidas por uma cápsula que continha césio-137. Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. Tudo teve inicio com a curiosidade de dois catadores de lixo, que vasculhavam as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia, no centro de Goiânia.

Eles encontraram no local um aparelho de radioterapia, removeram a máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram o equipamento até a casa de um deles. Interessados no que poderiam ganhar vendendo as partes de metal do aparelho, ignoraram o que continha realmente em seu interior.

No período da desmontagem da máquina, fora exposto ao ambiente cloreto de césio-137 (CsCl), tal substância, que é um pó branco parecido com o sal de cozinha. Após cinco dias, a peça foi vendida a um proprietário de um ferro-velho, o qual se encantou com o brilho azul emitido pela substância no escuro. Crendo estar diante de algo sobrenatural, o dono do ferro-velho passou quatro dias recebendo amigos e curiosos interessados em conhecer o pó brilhante. Muitos levaram para suas casas pedras da substância. Parte do equipamento de radioterapia também foi para outro ferro-velho, de forma a gerar uma enorme contaminação com o material radioativo.

Os primeiros sintomas da contaminação (vômitos, náuseas, diarréia e tonturas) surgiram algumas horas após o contato com a substância, o que levou um grande número de pessoas a procurar hospitais e farmácias, sendo medicadas como pessoas portadoras de uma doença contagiosa. Mais tarde descobriu-se de que se tratava na verdade de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação. Somente no dia 29 de setembro de 1987 é que os sintomas foram qualificados desta maneira.


Os médicos que receberam o equipamento solicitando a presença de um físico, pois tinham a suspeita de que se tratava de material radioativo. O físico nuclear Valter Mendes constatou que havia índices de radiação no local onde o equipamento fora aberto, acionando a então Comissão Nacional Nuclear (CNEN).



Uma das primeiras medidas foi isolar as roupas dos expostos ao material radioativo, lavá-las com água e sabão para a descontaminação. Após esta medida, as pessoas ingeriram uma substância que elimina os efeitos da radiação, denominada de “Azul da Prússia”. Com ele, as partículas de césio saem do organismo através da urina e das fezes.

Cerca de um mês após o acidente quatro pessoas vieram a óbito e cerca de 400 pessoas foram contaminadas. O trabalho de descontaminação dos locais atingidos geraram cerca de 13,4 toneladas de lixo (roupas, utensílios, materiais de construção, etc.) contaminado com o césio-137. Esse lixo encontra-se armazenado em cerca de 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos.

Grande número de acidentes prova que ainda há muito o que se pesquisar

  • Em 1957 escapa radioatividade de uma usina inglesa situada na cidade de Liverpool. Somente em 1983 o governo britânico admitiria que pelo menos 39 pessoas morreram de câncer, em decorrência da radioatividade liberada no acidente. Documentos secretos recentemente divulgados indicam que pelo menos quatro acidentes nucleares ocorreram no Reino Unido em fins da década de 50.
  • Em setembro de 1957, um vazamento de radioatividade na usina russa de Tcheliabinski contamina 270 mil pessoas.
  • Em dezembro de 1957, o superaquecimento de um tanque para resíduos nucleares causa uma explosão que libera compostos radioativos numa área de 23 mil km2. Mais de 30 pequenas comunidades, numa área de 1.200 km², foram riscadas do mapa na antiga União Soviética e 17.200 pessoas foram evacuadas. Um relatório de 1992 informava que 8.015 pessoas já haviam morrido até aquele ano em decorrência dos efeitos do acidente.
  • Em janeiro de 1961, três operadores de um reator experimental nos Estados Unidos morrem devido à alta radiação.
  • Em outubro de 1966, o mau funcionamento do sistema de refrigeração de uma usina de Detroit causa o derretimento parcial do núcleo do reator.
  • Em janeiro de 1969, o mau funcionamento do refrigerante utilizado num reator experimental na Suíça, inunda de radioatividade a caverna subterrânea em que este se encontrava. A caverna foi lacrada.
  • Em março de 1975, um incêndio atinge uma usina nuclear americana do Alabama, queimando os controles elétricos e fazendo baixar o volume de água de resfriamento do reator a níveis perigosos.
  • Em março de 1979, a usina americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, é palco do pior acidente nuclear registrado até então, quando a perda de refrigerante fez parte do núcleo do reator derreter.
  • Em fevereiro de 1981, oito trabalhadores americanos são contaminados, quando cerca de 100 mil galões de refrigerante radioativo vazam de um prédio de armazenamento do produto.
  • Durante a Guerra das Malvinas, em maio de 1982, o destróier britânico Sheffield afundou depois de ser atingido pela aviação argentina. De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, o navio estava carregado com armas nucleares, o que põe em risco as águas do Oceano Atlântico próximas à costa argentina.
  • Em janeiro de 1986, um cilindro de material nuclear queima após ter sido inadvertidamente aquecido numa usina de Oklahoma, Estados Unidos.
  • Em abril de 1986 ocorre o maior acidente nuclear da história (até agora), quando explode um dos quatro reatores da usina nuclear soviética de Chernobyl, lançando na atmosfera uma nuvem radioativa de cem milhões de curies (nível de radiação 6 milhões de vezes maior do que o que escapara da usina de Three Mile Island), cobrindo todo o centro-sul da Europa. Metade das substâncias radioativas voláteis que existiam no núcleo do reator foram lançadas na atmosfera (principalmente iodo e césio). A Ucrânia, a Bielorússia e o oeste da Rússia foram atingidas por uma precipitação radioativa de mais de 50 toneladas. As autoridades informaram na época que 31 pessoas morreram, 200 ficaram feridas e 135 mil habitantes próximos à usina tiveram de abandonar suas casas. Esses números se mostrariam depois absurdamente distantes da realidade, como se verá mais adiante.
  • Em setembro de 1987, a violação de uma cápsula de césio-137 por sucateiros da cidade de Goiânia, no Brasil, mata quatro pessoas e contamina 249. Três outras pessoas morreriam mais tarde de doenças degenerativas relacionadas à radiação.
  • Em junho de 1996 acontece um vazamento de material radioativo de uma central nuclear de Córdoba, Argentina, que contamina o sistema de água potável da usina.
  • Em dezembro de 1996, o jornal San Francisco Examiner informa que uma quantidade não especificada de plutônio havia vazado de ogivas nucleares a bordo de um submarino russo, acidentado no Oceano Atlântico em 1986. O submarino estava carregado com 32 ogivas quando afundou.
  • Em março de 1997, uma explosão numa usina de processamento de combustível nuclear na cidade de Tokai, Japão, contamina 35 empregados com radioatividade.
  • Em maio de 1997, uma explosão num depósito da Unidade de Processamento de Plutônio da Reserva Nuclear Hanford, nos Estados Unidos, libera radioatividade na atmosfera (a bomba jogada sobre a cidade de Nagasaki na Segunda Guerra mundial foi construída com o plutônio produzido em Hanford).
  • Em junho de 1997, um funcionário é afetado gravemente por um vazamento radioativo no Centro de Pesquisas de Arzamas, na Rússia, que produz armas nucleares.
  • Em julho de 1997, o reator nuclear de Angra 1, no Brasil, é desligado por defeito numa válvula. Segundo o físico Luiz Pinguelli Rosa, foi "um problema semelhante ao ocorrido na usina de Three Mile Island", nos Estados Unidos, em 1979.
  • Em outubro de 1997, o físico Luiz Pinguelli adverte que estava ocorrendo vazamento na usina de Angra 1, em razão de falhas nas varetas de combustível. Na época ele declara: "Está ocorrendo vazamento há muito tempo. O nível de radioatividade atual é progressivo e está crítico."

Segurança de usinas nucleares

As usinas nucleares possuem sistemas de segurança redundantes, independentes e fisicamente separados, em condições de prevenir acidentes e, também, de resfriar o núcleo do reator e os Geradores de Vapor em situações normais ou de emergência. Além de todos esses sistemas, as usinas nucleares de Angra possuem sistemas de segurança passivos, que funcionam sem que precisem ser acionados por dispositivos elétricos. Esses sistemas são as numerosas barreiras protetoras de concreto e aço, que protegem as usinas contra impactos externos (terremotos, maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão no interior da usina.