sábado, 22 de setembro de 2007

Acidente do Césio-137

Foi um acidente radioativo ocorrido no dia 13 de setembro de 1987, em Goiânia, Goiás. No desastre foram contaminadas centenas de pessoas acidentalmente através de radiações emitidas por uma cápsula que continha césio-137. Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. Tudo teve inicio com a curiosidade de dois catadores de lixo, que vasculhavam as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia, no centro de Goiânia.

Eles encontraram no local um aparelho de radioterapia, removeram a máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram o equipamento até a casa de um deles. Interessados no que poderiam ganhar vendendo as partes de metal do aparelho, ignoraram o que continha realmente em seu interior.

No período da desmontagem da máquina, fora exposto ao ambiente cloreto de césio-137 (CsCl), tal substância, que é um pó branco parecido com o sal de cozinha. Após cinco dias, a peça foi vendida a um proprietário de um ferro-velho, o qual se encantou com o brilho azul emitido pela substância no escuro. Crendo estar diante de algo sobrenatural, o dono do ferro-velho passou quatro dias recebendo amigos e curiosos interessados em conhecer o pó brilhante. Muitos levaram para suas casas pedras da substância. Parte do equipamento de radioterapia também foi para outro ferro-velho, de forma a gerar uma enorme contaminação com o material radioativo.

Os primeiros sintomas da contaminação (vômitos, náuseas, diarréia e tonturas) surgiram algumas horas após o contato com a substância, o que levou um grande número de pessoas a procurar hospitais e farmácias, sendo medicadas como pessoas portadoras de uma doença contagiosa. Mais tarde descobriu-se de que se tratava na verdade de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação. Somente no dia 29 de setembro de 1987 é que os sintomas foram qualificados desta maneira.


Os médicos que receberam o equipamento solicitando a presença de um físico, pois tinham a suspeita de que se tratava de material radioativo. O físico nuclear Valter Mendes constatou que havia índices de radiação no local onde o equipamento fora aberto, acionando a então Comissão Nacional Nuclear (CNEN).



Uma das primeiras medidas foi isolar as roupas dos expostos ao material radioativo, lavá-las com água e sabão para a descontaminação. Após esta medida, as pessoas ingeriram uma substância que elimina os efeitos da radiação, denominada de “Azul da Prússia”. Com ele, as partículas de césio saem do organismo através da urina e das fezes.

Cerca de um mês após o acidente quatro pessoas vieram a óbito e cerca de 400 pessoas foram contaminadas. O trabalho de descontaminação dos locais atingidos geraram cerca de 13,4 toneladas de lixo (roupas, utensílios, materiais de construção, etc.) contaminado com o césio-137. Esse lixo encontra-se armazenado em cerca de 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos.

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