sábado, 22 de setembro de 2007

Soluções para o lixo nuclear

Muitos reatores chegam a ser desligados devido à falta de espaço para armazenamento desse resíduo atômico. De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quantidade total de combustível gasto era de 125 mil toneladas em 1992 e vai subir para 200 mil toneladas no ano 2000 e para 450 mil toneladas em meados do próximo século. Contudo, embora diversos métodos de destinação tenham sido discutidos durante décadas — incluindo o envio para o espaço — ainda não há solução para o lixo atômico.

A maioria das soluções atualmente propostas envolve seu enterro no subsolo em uma embalagem especial com proteção forte o bastante para impedir que sua radioatividade escape. A indústria nuclear dá a entender que, após qualquer forma de processamento, a disposição no subsolo ou no fundo do mar será suficientemente segura. Essa filosofia foi gerada principalmente devido às pressões de ter de convencer um público preocupado em saber se a indústria nuclear sabe como lidar com os resíduos. Contudo, essa afirmativa é falsa.

Pretender, como a indústria nuclear freqüentemente o faz, que algumas experiências, perfurações de teste ou levantamentos geológicos é tudo o que é necessário para o manejo do lixo atômico, simplesmente é dissimulação ou ignorância científica — ou, possivelmente, ambas as coisas. Os testes adequados demandariam dezenas de milhares de anos

Há dois riscos principais no enterro de lixo atômico: a contaminação do ar e a da água.

Contaminação do Ar

As liberações explosivas ou lentas de gases de um lugar de destinação final subterrâneo são possíveis teoricamente. Infelizmente, não há forma confiável de estimar esse risco, há dúvidas demais relativas aos atuais métodos de deposição e às interações químicas possíveis no ambiente.

Contaminação da Água

Geralmente este é considerado a poluição mais provável ligado à disposição final de resíduos. Elementos radioativos podem vazar do invólucro e entrar em contato com o lençol freático, contaminando água potável de comunidades locais e distantes.

Além do enterro dos resíduos, vários esquemas de armazenamento no local de uso estão sendo investigados. Nisso, o armazenamento de combustível usado em grandes recipientes de aço ou concreto ainda é primordial. Ainda que esse tipo de armazenamento conserve o material no ponto em que foi criado e reduza os custos de transporte, centenas de comunidades de todo o mundo estão ameaçadas de fato por depósitos de alto nível às suas portas. Também há planos para consolidar o combustível usado e colocá-lo em contêineres em instalações na superfície, o que resulta num número imenso de recipientes não destinados a resistir a possíveis acidentes.

Desmontagem de usinas nucleares

Grande quantidade de lixo atômico também é produzida quando um reator nuclear é desativado. Isso porque muitas das peças que o compõem, incluindo o combustível, tornam-se radioativas. Não podem simplesmente ser jogadas fora. Entretanto, além da remoção do combustível usado, não há consenso sobre o que deve acontecer a seguir. Nenhum reator de dimensões normais foi desmontado em lugar algum do mundo. Ainda que alguns países planejem retirar toda a estrutura, até mesmo as partes radioativas, restando um espaço plano desocupado; outros sugerem deixar a edificação onde está, cobrindo-a com concreto ou, possivelmente, enterrando-a sob um monte de terra.

O custo da desmontagem ainda é relativo e muito discutido. As estimativas de custo originam-se de estudos genéricos, a partir da projeção dos custos, de pequenas instalações de pesquisa. A falta de padronização torna difíceis as comparações. Além disso, a limitada experiência — nenhuma, se considerados reatores de grande porte — torna impossível saber se as estimativas são razoáveis, mas já se sugeriu que os custos poderiam ser de até 100% do custo de construção inicial.

Nas próximas três décadas, mais de 350 reatores nucleares serão desativados. Quarenta anos depois de a primeira usina nuclear começar a produzir eletricidade, a indústria nuclear ainda não tem respostas sobre como desmantelar, de forma segura e economicamente eficiente, um reator.

A melhor solução para o futuro é que não mais seja produzido lixo nuclear em qualquer parte do mundo.

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